terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Função endócrina do tecido adiposo

   Os adipócitos são células secretoras que além de estarem envolvidos no metabolismo dos lipídios, sintetizam e liberam na corrente sanguínea adipocinas como a leptina e a adiponectina. Dessa forma, o tecido adiposo possui também uma função endócrina.   
    A Leptina é sintetizada e secretada pelo tecido adiposo, sendo este a única fonte conhecida desse hormônio. A leptina é um produto protéico resultante da transcrição e tradução do gene ob. É secretada em concentrações mais elevadas quando ocorre aumento da massa de tecido adiposo, sendo produzida principalmente em adipócitos subcutâneos e em menor grau em adipócitos do omento. Os níveis de leptina também são regulados por hormônios. A insulina, os glicorticóides e os esteróides estimulam a secreção de leptina , enquanto as catecolaminas e os androgênios diminuem os níveis circulantes de leptina. Dessa forma, nas mulheres, que apresentam maior quantidade de adipócitos subcutâneos em comparação com adipócitos omentais e apresentam níveis de estrogenios superiores e níveis de androgênios inferiores em relação aos homens, as concentrações de leptina encontram-se mais elevadas do que no sexo masculino.  
   Insulina e leptina também apresentação regulação retrógrada negativa. Enquanto a insulina estimula a secreção de leptina, a hiperleptinemia inibe a secreção de insulina, evitando um aumento ainda maior nos níveis de leptina.
    A leptina é um importante comunicador do tecido adiposo com o sistema nervoso central, transmitindo informações ao encéfalo sobre os níveis de depósito de triglicerídeos nos adipócitos. Esse hormônio foi descoberto em dezembro de 1994 e seu achado juntamente com outros hormônios mudou a visão que se tinha do tecido adiposo. Enquanto antes se pensava que o adipócito tinha uma função restritamente de reserva, hoje sabe-se que o tecido adiposo é responsável pela secreção de várias substâncias, tendo um importante papel endócrino.
   O tecido adiposo também secreta angiotensinogênios, moléculas que são convertidas a angiotensina II pela renina e atuam aumentando a pressão arterial,através da contração vascular, e na diferenciação de pré-adipócitos em adipócitos. Em indivíduos obesos, a maior taxa de secreção desses angiotensinogênios pode estar correlacionada com a pressão arterial alta, comorbidade comum na obesidade.
   Outra adipocina largamente expressa pelos adipócitos é a adiponectina. Esse hormônio têm amplo espectro de atuação, destacando-se sua importância na proteção do endotélio de vasos sanguíneos e no aumento da sensibilidade à insulina. Esses efeitos previnem respectivamente a doença arterial coronariana e o diabetes tipo 2. Ao contrário da leptina, em indivíduos obesos, a adiponectina encontra-se em níveis reduzidos, tendo uma relação indireta com o IMC. Assim, em casos de hiperinsulinemia, a leptina está elevada (a insulina aumenta a concentração de leptina) e a adiponectina está reduzida.
   Outra substância expressa pelos adipócitos consiste no TNF-alfa, o fator de necrose tumoral. Essa molécula tem ação autócrina e parácrina sob os adipócitos, estando fortemente correlacionada com a resistência à insulina, inibição da lipogênese e estimulação da lipólise. Sua expressão e secreção estão aumentados na obesidade, assumindo uma relação direta com o IMC. Somados os efeitos da alta concentração de TNF-alfa e da baixa concentração de adiponectina na obesidade, têm-se uma explicação parcial da elevada prevalência de resistência à insulina em indivíduos obesos.
    Portanto, o tecido adiposo além de sua função extremamente especializada de armazenar lipídeos na forma de triacilgliceróis e mobilizá-los de acordo com a demanda energética, desempenha funções mais amplas que envolvem também a secreção de moléculas reguladoras e fatores protéicos como por exemplo o TNF-alfa e interleucinas.


                                                                                                      Por Débora Saraiva.

Referências:
Bernardo Léo Wajchenberg. Tecido Adiposo como glândula endócrina. In Scielo.
Miriam Helena Fonseca- Alaniz; Julie Takada; Maria Isabel Cardoso Alonso-Vale; Fábio Bessa Lima. O tecido adiposo como órgão endócrino: da teoria à prática. Jornal de pediatria. In Scielo
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário